sábado, 23 de maio de 2009

Teologia e tolerância


Conhecer pode ser o caminho para evitar preconceitos, mas pode também ser a forma mais simples de reafirmarmos a superioridade de nossas idéias em detrimento das idéias do outro. Às vezes as dúvidas nos ajudam a tolerar o diferente.
À medida que evoluímos em nossa compreensão do mundo deveríammos evoluir no entendimento dos signos do outro. Entenda-se signo aqui como símbolos adotados pelo outro para a representação de suas crenças, de seus princípios e valores e de sua ética. Utilizo o verbo no futuro do pretérito propositalmente, pois me ocorre a dúvida de que assim suceda. Observo e não tenho os dados para afirmar. Afinal de contas o pensamento para ser considerado irrefutável tem que ser científico, ou seja, aprovado pelos críticos por ser baseado em dados, pesquisas e métodos devidamente reconhecidos pela comunidade acadêmica. Como não tenho pretensão de fazer tal fundamentação apenas suponho, percebo e temo que possa ser da forma que questiono.
Causa-me espécie, nem sei o que quer realmente dizer esta expressão, mas surgiu agora e resolvi usar, parece-me mais um destes chavões que nada dizem, justamente o fato de que o pensamento acadêmico, a nata do pensamento, quando aplicado a assuntos voltados principalmente para a fé, assume um caráter dogmático, ortodoxo (interessante palavra esta, pois tem a mesma raiz de tudo que é ósseo e é mesmo osso duro de roer como se dizia no passado), inflexível. É muito fácil elaborar um artigo apresentando as razões pelas quais o pensamento do outro o manda diretamente ao inferno, seja lá qual for o conceito que deste lugar.
Por que pensei sobre este tema? Pensei por duas causas mas só revelarei uma aqui. Pensei em fazer um curso teológico, on line é claro, pois não sei se consigo mais ficar em sala de aula durante horas sem ser obrigado a isso, mas aí fui ler um artigo de um daqueles que talvez fosse meu professor no curso percebendo o caráter intolerante de seu pensamento. Fiquei abalado. Não sei se quero evoluir. Minha ignorância talvez me livre das certezas que me fariam atacar ainda mais quem não pensa igual a mim.

2 comentários:

  1. Saudações !

    Olha, geralmente quando pensamos e agimos diferentemente de outras pessoas, somos taxados como intolerantes, simplesmente por reagir à ideias adversas. Ora, o conhecimento não é limitado e não devemos impor tudo à todos como sendo uma verdade absoluta. Existe tantas coisas por trás daquilo que lemos, ouvimos, sentimos e pensamos ! Mas, como o conhecimento virou uma grande indústria econômica, reagir à essas idéias pode, muitas vezes, representar uma grande ameaça à esta sociedade que nos impões regras. Parabéns pelo texto ! Polêmico, original... perfeito.

    ResponderExcluir
  2. Bem, eu não acredito no conhecimento exclusivamente acadêmico. Podemos compreender coisas ou ter insights que outras pessoas não tiveram. E o fato de não serem comprováveis não os invalida.
    Acho que você deve continuar a busca pelo conhecimento sim! Não se desanime com um professor limitado. O conhecimento verdadeiro é sábio o bastante para compreender que a variedade e complexidade dos seres humanos demanda inúmeras formas de pensar. E isso é riqueza e crescimento.

    ResponderExcluir