quinta-feira, 30 de julho de 2009

O que é uma vida bem sucedida?


Estou lendo o livro do francês Luc Ferry. Após ter assistido sua palestra no ano passado aqui em Salvador resolvi conhecer um pouco mais do pensamento deste filósofo atual. O autor parte de um pressuposto pós moderno, considerando que nem a religião nem os grandes ideais da humanidade puderam levar o homem moderno ao lugar que se poderia definir como o destino de uma vida boa. A vida boa deu lugar à vida bem sucedida e segue algumas idéias de Spinoza e Nietzche .

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A espiritualidade que Deus reprova




Olhando a história bíblica de Saul, todo mundo já sabe que histórias bíblicas me fascinam desde que eu era apenas uma criancinha, descobri alguns traços de uma falsa espiritualidade, muito parecida com a que vejo nos nossos dias. Falei sobre isto na Igreja em Periperi e tentarei resumir aqui a mensagem.
A primeira observação que convém fazer é que não tenho qualquer compromisso político-religioso com o povo judeu, nem nada contra os palestinos. Vejo as histórias destes povos na Bíblia como formas de transmissão de lições preciosas para os homens de todas as épocas e que precisavam dos atores para a representação dos arquétipos (não sei se esta é a palavra que melhor traduz o que quero dizer aqui, mas não achei outra melhor). Vejo os princípios contidos nas narrativas e o brinquedo de Deus, ocultando verdades para que possamos procurá-las na história.
Assim Saul é um personagem importante. Primeiro rei de Israel, altamente admirado pelo povo e que obtém pequenos êxitos militares no início do seu reinado. Na realidade os triunfos inicialmente alcançados são vistos como provocações pelo povo que aqui aparece como o outro lado da história, os filisteus (de Philistia ou Palestina).
Provocados os filisteus acampam-se cercando os israelitas enquanto Saul começa a ver o seu povo esconder-se, fugir ou até mesmo passar para o lado do inimigo. Que faz Saul? Ele aguarda durante sete dias a chegada do profeta e sacerdote Samuel. Ao final dos sete dias percebendo a demora do profeta o próprio Saul oferece sacrifícios a Deus e então se sente preparado para a guerra. Assim que ele termina Samuel chega e questiona o ato de Saul para em seguida declarar-lhe a reprovação de Deus. Saul não deixará sucessor no trono.
Por que Saul merece uma reprovação tão séria? Seu culto, a oferta de holocaustos, baseou-se em premissas reprováveis. Sobre isto considerei três aspectos. O primeiro: um culto baseado no medo. A religião do medo leva as pessoas a ofertarem, orarem, fazerem penitências e toda uma gama de rituais, mas não obtem qualquer favor perante o Deus verdadeiro. Segundo um culto baseado no misticismo. O número sete, muitas vezes considerado o número da perfeição, foi o número de dias que Saul aguardou a chegada de Samuel. A crença de Saul era a crença de que aquele culto tinha que acontecer no sétimo dia senão ele estaria perdido. Deus não se prende à mística de nenhum número e reprova qualquer tentativa de manipulação de poder através de números. Em terceiro lugar o culto de Saul era mera demonstração de um ato formal. Ele deixa de fazer a sua obrigação que era a do líder militar e acredita que oferecendo holocaustos a vitória viria. Deus não está nem aí para nossa formalidade espiritual. É muito mais espiritual cuidarmos cada um daquilo que nos diz respeito enquanto homens, enquanto cidadãos.