domingo, 31 de maio de 2009

Entre o individual e o coletivo


Qual é o maior problema? O que resolver primeiro? A quem atender e que direção seguir quando se está tratando do interesse coletivo? Tomar decisões que impactem a vida alheia, produzir resultados que atendam os interesses da maioria e ser capaz de cuidar da própria vida e interesses, sendo ético, honesto e coerente são os desafios propostos a quem quer ser útil à sociedade da qual faz parte.
Necessidades, carências, percepções a respeito do seu ambiente. Somos os mesmos a muitos milhares de anos. A busca das melhores condições de vida é legítima e desejável, entretanto há sempre conflito entre o interesse individual e o coletivo. Quando o coletivo é enfatizado há o risco de se fazer as coisas de modo tão impessoal que injustiças sejam cometidas. É tratar como iguais pessoas diferentes. Quando o direito individual prevalece, parece ser assim no Brasil, presenciamos muitas vezes o desconforto daqueles que não estão sendo atendidos em um determinado momento pelas medidas adotadas, para em seguida verificarmos o quanto se beneficiam das mesmas medidas e as exaltarem.
Ouvir, escutar, tentar compreender. Muitas vezes este é o único caminho. A escuta interessada nos problemas alheios. Mas é preciso ouvir várias opiniões. A verdade que parece jorrar clara de uma pessoa encontra total resistência na verdade da outra. A certeza de um é a dúvida do seu próximo.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Quem é o cara?


“Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas nele o teu cuidado?” Pergunta Jó a Deus no capítulo 7 e versículo 17 do livro bíblico que leva seu nome.
Augusto dos Anjos, poeta brasileiro do final do século XIX resume sua percepção a respeito do ser humano em um poema considerado estranho e cujos versos decorei desde a primeira vez que li, pois dizem muito do nada que somos:
"Eu, filho do carbono e do amoníaco,Monstro de escuridão e rutilância,Sofro, desde a epigênese da infância,A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,Este ambiente me causa repugnância...Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,E há de deixar-me apenas os cabelos,Na frialdade inorgânica da terra!"
Apesar de toda a fragilidade que nos é peculiar há em nós sempre a presunção de sermos semideuses e sempre nos julgamos superiores aos outros e procuramos formas de evidenciar isto.
Em um discurso de confronto, em 330 a.C. Demóstenes desqualificou seu rival citando sua origem pobre como um pecado que não podia ser perdoado: “Quando menino, você foi criado em extrema pobreza, servindo com seu pai em sua escola, moendo tinta, limpando os bancos, varrendo as salas, fazendo as obrigações de um criado, ao contrário do homem nascido livre.”
No Brasil a condição social é marcada pelo equívoco histórico que foi a escravidão negra e cujos reflexos até hoje são sentidos em todas as esferas de nossa sociedade organizada.
O único negro entre os atuais ministros do STF. Joaquim Barbosa, apenas o terceiro ministro negro da Corte em 102 anos, nasceu no município mineiro de Paracatu em 7 de outubro de 1954 (54 anos), noroeste de Minas Gerais. É o primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.
Eu não me envergonho de minha origem. Da infância pobre, dos trabalhos infantis, da venda de amendoim torrado, sonho e picolé na rua. Nada sou nada mas posso tudo, como diria Paulo na carta aos Filipenses: “sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Intimidade


Nosso tempo é a época da confusão entre o público e o privado. É difícil separar o que pode e deve ser mostrado daquilo que deve ficar restrito a algumas pessoas. Relações íntimas são transformadas em show e o ridículo muitas vezes se justifica como normal por ser fruto da intimidade.
O dicionário que achei aqui na estante, coitadinho dele, já nem capa tem mais, diz que esta palavra é sinônima de: “amizade íntima; relações íntimas”. Foi o João Alexandre, aquele músico, autor de belas canções, entre as quais “Pra Cima Brasil”, quem me provocou logo cedo hoje para que eu fosse buscar isso no dicionário. Engraçado, não tenho intimidade alguma com o João, mas como ele é público e famoso, trato como se fosse um amigo.
Vamos voltar ao assunto, o João fez esta provocação em uma entrevista sua no You Tube na qual ele comenta uma atitude lamentável de alguém, justificada como sendo fruto de intimidade com Deus. Será que eu deveria ser mais explícito? Afinal de contas tudo que estou tratando é de conhecimento público e está largamente publicado na net. Deixa lá, quem quiser vai atrás. Meu objetivo aqui é outro. Oxe! Lá estou eu outra vez a dar voltas. O que me interessa mesmo é a forma como o J A reagiu. Segundo ele se algo é íntimo não cabe diante de um auditório, em um show. Ele tem razão, intimidade equivale a relações íntimas e neste caso não faz sentido trazer para o público, a não ser no Big Brother. Aí vale um milhão de reais.
Difícil é separar. O que é o privado e o que é público? Semana passada me contaram algo que já havia sido dito a outras “trocentas” pessoas e depois o cara me diz que aquilo era algo particular. Confusão. Difícil. Enquanto as circunstâncias favorecem estas confusões passam mas existem algumas situações em que elas trazem grandes prejuízos. Em algumas relações somos completamente “insanos”. Aliás a relação íntima de um casal é assim. A cumplicidade permite a intimidade entre os dois e aí pode coisa que ninguém mais pode ou deve ver e quando “vaza” é problema. Como já citei o Big Brother, símbolo maior da exposição da intimidade, lembro aquela moça que mesmo estando no programa sofreu grande constrangimento ao saber que cenas íntimas foram levadas a público na internet, por alguém que roubara um celular seu.
A relação com Deus também é assim. Cada um tem o seu jeito, sua intimidade com Deus. Afinal, Deus trata a cada um de nós individualmente e aí existem coisas que a uns são permitidas e a outros proibidas. Existem ordens a serem cumpridas por alguns e que são completamente vetadas a outros. Experiências do outro não tem que ser a minha experiência. Cada qual no seu cada qual. A voz que fala a Paulo não tem que falar a Pedro. Então vou concordar com o João e não admitir que se utilize a intimidade com Deus como justificativa para atos insanos que dão ibope. Intimidade não é show.

sábado, 23 de maio de 2009

Teologia e tolerância


Conhecer pode ser o caminho para evitar preconceitos, mas pode também ser a forma mais simples de reafirmarmos a superioridade de nossas idéias em detrimento das idéias do outro. Às vezes as dúvidas nos ajudam a tolerar o diferente.
À medida que evoluímos em nossa compreensão do mundo deveríammos evoluir no entendimento dos signos do outro. Entenda-se signo aqui como símbolos adotados pelo outro para a representação de suas crenças, de seus princípios e valores e de sua ética. Utilizo o verbo no futuro do pretérito propositalmente, pois me ocorre a dúvida de que assim suceda. Observo e não tenho os dados para afirmar. Afinal de contas o pensamento para ser considerado irrefutável tem que ser científico, ou seja, aprovado pelos críticos por ser baseado em dados, pesquisas e métodos devidamente reconhecidos pela comunidade acadêmica. Como não tenho pretensão de fazer tal fundamentação apenas suponho, percebo e temo que possa ser da forma que questiono.
Causa-me espécie, nem sei o que quer realmente dizer esta expressão, mas surgiu agora e resolvi usar, parece-me mais um destes chavões que nada dizem, justamente o fato de que o pensamento acadêmico, a nata do pensamento, quando aplicado a assuntos voltados principalmente para a fé, assume um caráter dogmático, ortodoxo (interessante palavra esta, pois tem a mesma raiz de tudo que é ósseo e é mesmo osso duro de roer como se dizia no passado), inflexível. É muito fácil elaborar um artigo apresentando as razões pelas quais o pensamento do outro o manda diretamente ao inferno, seja lá qual for o conceito que deste lugar.
Por que pensei sobre este tema? Pensei por duas causas mas só revelarei uma aqui. Pensei em fazer um curso teológico, on line é claro, pois não sei se consigo mais ficar em sala de aula durante horas sem ser obrigado a isso, mas aí fui ler um artigo de um daqueles que talvez fosse meu professor no curso percebendo o caráter intolerante de seu pensamento. Fiquei abalado. Não sei se quero evoluir. Minha ignorância talvez me livre das certezas que me fariam atacar ainda mais quem não pensa igual a mim.

domingo, 17 de maio de 2009

Aonde você mora?


Cê vai chegar em casa
Eu quero abrir a porta
Aonde você mora?
Aonde você foi morar?
Aonde foi?
É a letra da música do Cidade Negra. Pensei nela pois estava meditando nas palavras registradas por João no evangelho. Dois discípulos perguntam ao mestre: onde moras?
Pretendia falar sobre este texto hoje na IPP mas não pude ir graças às fortes chuvas que caiam na hora de sair. Pior é que a chuva depois passou e fiquei com aquela sensação dúbia: será que fiz o certo deixando de sair quando havia tanta gente esperando em Periperi? O fato é que prefiro ter arrependimento por não ter ido do que o de ter ido enfrentando os alagamentos que podiam provocar sérias consequências.
Mas voltando ao tema, a pergunta feita a Jesus: onde moras? É uma pergunta simples, comum quando duas pessoas se encontram pela primeira vez. Talvez seja a segunda pergunta a ser feita. A primeira é o nome da pessoa. Embora simples estas duas perguntas são carregadas de significados e interpretações possíveis.
Perguntar onde alguém mora revela a existência de um certo grau de intimidade. Conforme disse antes, esta pergunta provavelmente já foi precedida por "qual o seu nome?". Ou seja, pessoas estão em fase de conhecimento. Além disso é sugestivo inquirir as reais intenções do interlocutor ao perguntar isso. Estaria ele querendo uma carona, vai me enviar alguma correspondência ou está simplesmente querendo fazer um julgamento do ststus social do outro através do endereço?
Correspondências atualmente são enviadas por email. Logo, o endereço virtual ganhou ultimamente uma importância tão grande quanto o endereço físico. É complicado viver e relacionar-se sem email em nossos tempos. O endereço residencial, entretanto, continua sendo importantíssimo. Quase tudo que se precisa resolver nas relações comerciais requer a apresentação de um comprovante de residência. A questão do status continua existindo. Morar nos bairros nobres, em condomínios de casas, etc, traz várias dicas a respeito da condição daquele que responde à indagação: onde moras?
Jesus, no texto em questão, levou os dois interessados ao local onde estava morando e passou o dia com eles. Em outra ocasião Ele declarou a não existência de uma morada fixa aos que se declaravam dispostos a segui-lo aonde quer que fosse, mas cujos corações ele conhecia e expunha pela falta de consistência.

Mudando de blog



Passei mais de um ano sem escrever neste blog mas agora pretendo fazer dele o meu blog oficial. Encerrarei as postagens no Pbparis e concentrarei aqui meus posts. Parece-me mais fácil e prático pôr textos e fotos aqui.
Este é um domingo de trabalho pra mim e por sinal um momento tenso devido a algumas decisões.