sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz 2012

Pensei que eu já tinha visto um time jogar bola… Não tinha ainda. Vi, domingo, dia 18 de dezembro de 2011.


Só agora entendi o que nossos pais querem dizer ao se referir aos tão saudosos tempos do Santos de Pelé e seu esquadrão. Eu, nascido três anos depois da conquista de 70 no México, só fui ver um show nos gramados quando testemunhei muito menino a seleção de 1982. Depois disso, como todos os brasileiros, me acostumei a chamar de “futebol-arte” umas gingadas pra cá, umas pedaladas pra lá, uns showzinhos particulares de uns pés iluminados, e que tão rápidos correram para o rico esporte europeu.


Domingo, entretanto, eu vi o Barcelona jogar.


O Barcelona é uma empresa. Seus clientes são exigentes. Não aceitam menos do que um espetáculo. E quem quer conquistar o mercado do entretenimento mundial tem sim que buscar excelência em tudo que faz, planeja, semeia e colhe, pela força do mérito e não da sorte. Os empresários da bola descobriram o que um dia antropólogos vão tentar explicar: A gente é simplesmente doido por uma linda partida de futebol. Não sei o que acontece com a alma humana… O futebol é nossa arena e os jogadores, nossos gladiadores. Nossos times são nossa representação, nossa síntese, nossa forma de demonstrar paixão… E no Brasil isso ultrapassa o limite da compreensão.


Mas agora já posso dizer que eu vi um time jogar de verdade…


Só me resta voltar a “quase-me-divertir” com os torneios nacionais e latino-americanos, onde a mediocridade, a indolência, a sacanagem, a bandidagem e a politicagem IMPERAM sem nenhuma voz a se levantar pra denunciar essa MÁFIA ao redor dos campos. Voltarei também a admirar dentro do campo a nossa famosa cultura do jeitinho, da catimba, do “juiz-sempre-ladrão”, do “recuar-para-jogar-no-contra-ataque” depois de fazer “meio-gol”. Voltarei a toda essa preguiça de atletas cansados que ganham milhões e ainda assim têm a cara de pau de forçar o segundo cartão para não viajar com o time no domingo de balada. Voltarei a essa novelinha-das-seis que a TV e toda a mídia dá um jeito de ficar emocionante para quem sofre muito e se contenta com pouco.


É, mais nunca esquecerei… Domingo de manhã descobri o que é um time de verdade.


Amante do futebol, nunca esquecerei…


A ufanista seleção brasileira seria massacrada pelo Barcelona. Porque a “seleção” é a mais concreta evidência dessa ZONA, dessa ganância atrapalhada que mistura dinheiro privado com coisa pública e prepara a COPA DOS SUPERFATURAMENTOS, a política de caixa 2 que caracteriza nossos períodos eleitorais TODOS!


Já o SANTOS… Ora, NÃO É DO SANTOS QUE ESTOU FALANDO. O Santos foi quem nos permitiu assistir a isso tudo quando venceu o Brasileirão que o levou à Libertadores, e venceu os latinos todos, levando ainda seu Regional no meio do caminho, tendo sido então catapultado a essa final privilegiada. Foi o Santos quem nos levou à Tóquio, à sala de aula, pra tomar umas boas surras na bunda! Na bunda de santistas, mas também de corinthianos, palmeirenses, flamenguistas, gremistas, comentaristas, cartolas e todos os brasileiros…


O Santos? O Santos não tem nada a ver com minha reflexão. O Santos é o que temos de menos pior!


Coloca o Neymar dentro da estrutura que o Messi tem ao redor de si e todos saberão que ninguém é “o melhor jogador do mundo” sozinho. Quem sabe, vestindo a camisa do Messi, nosso jovenzinho moicano faria coisas ainda nunca vistas, impensáveis aos nossos olhos…


Minha questão, desse modo, é outra: Somos nós… Nós somos soberbos demais para futebol de menos.


E nosso atual futebol é só reflexo da cultura da qual a gente idiotamente se orgulha: A cultura do “deixa como está para ver como que fica”; a prática do nivelamento por baixo que domina nossas escolas, universidades, empresas, ONGs, publicações, ações sociais, políticas e quase TUDO o mais nesse país.


Acorda gente!


Alguém viu o Barcelona dar chutão, “chuverinho” pro nada, bola rifada pro meio do campo?


Alguém viu algum “espanhol” comemorar que conseguiu proteger a bola até que ela saísse por escanteio? (e a torcida aqui ainda vibra com isso!!!). Alguém viu o Barcelona recuar todo o time depois do primeiro gol? Viram algum jogador cansado? Não perceberam os caras tentando tirar a bola da mão do Rafael quando o jogo já estava em seu final? (Aliás, se não fosse o Rafael…)


Alguém viu o Messi “provocar” a falta? Viram-no se jogar dentro da área feito ator de cinema sem ninguém ter lhe tocado?


Não perceberam quantas e quantas vezes ele poderia ter caído? Mas será que a torcida do Barcelona se contenta com bola parada perto da área porque falta coisa melhor para fazer em campo?


Enquanto você está pensando que estou nos ridicularizando, veja como somos ridículos mesmo: nos nossos campos, quando um de nossos times está ganhando de “quase 1 x 0”, nossos melhores jogadores sofrem uma “quase-falta” e ficam “quase-mortos” estrebuchando na grama, em dramáticos giros e convulsões. Aí param o jogo, brigam os demais, o juiz autoriza a entrada do carrinho, os paramédicos recolhem o lesado, o carrinho se move lento para fora do campo, os comentaristas até fingem que estão preocupados, e então, o cidadão cruza as linhas laterais, levanta “quase-mancando”, solicita sua reentrada imediata em jogo, já quase pulando, e volta como se nada tivesse acontecido… Meu Deus! A gente acha que isso é um espetáculo? Só se for de teatro! Se toda vez toda a torcida vaiasse o pilantra queria ver se algum desses “heróis” continuaria a fazer a cena de sempre…


Nós temos orgulho da malandragem. O cara só tá errado se for do time adversário!


A gente é assim…


Aí, no encontro com a EXCELÊNCIA no Japão, fica essa postura brasileira toda subserviente, afetada, psicologicamente submissa, reverente demais para quem queria ser campeão. O Santos em campo parecia o adolescente que encontrou com seu ídolo – seus personagens de games de futebol – e, emocionado, subiu no palco para pedir autógrafos e abraços, cortejando gente de seu próprio tamanho.


No domingo, o Santos encontrou com o futuro. Tomara que tenha encontrado o seu próprio.


Tomara também que o Brasil ex-país do futebol aprenda a lição. Eu, sinceramente, não acredito. Tem que mudar todo um povo e sua corja de “políticos, covardes, estupradores e ladrões”… tanto os da esquina como os que roubam grandes somas sob o teto do Congresso Nacional! Todo mundo quer ganhar fácil nesse país-que-não-é-sério… Não é sério!


Bom…


Mas de minha parte – e o motivo que escrevo é só para desafiar você a fazer o mesmo – vou em 2012 procurar semear com muito trabalho e dignidade, aceitando perder no meio do caminho para ganhar no final, um dia, quando chegar a hora, quando eu estiver preparado, sem rezas, mandingas, choro nem vela. Minha obrigação como pai, marido e profissional é investir, treinar, me dedicar, plantar as melhores atitudes, regar os melhores hábitos, buscar o melhor gerenciamento de meus problemas.


No mais, de GRAÇA só tenho o Amor de Deus. O resto é mérito, conquista, peleja, suor e lágrimas…!


Em 2012, vou procurar voltar com amor para casa e com toda garra para o trabalho… Com “sangue-nos-olhos sim (!), mas sem pisar em ninguém; sem desrespeitar quem quer que seja, mas sem ter medo de nada; sem achar que ser o melhor possa ser um golpe de sorte, e ao mesmo tempo, sem comemorar as derrotas alheias como se elas fossem aplainar as trilhas das minhas vitórias.


Em 2012, desafio você a se barcelonizar!


Pra cima deles, meu irmão!


Feliz Ano Novo a todos.


Marcelo Quintela

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Amai aos que vos odeiam


Descobri que os inimigos são tão importantes quanto os amigos. Os amigos em sua bondade, poupam-me de críticas constrangedoras, querem ver-me feliz. Os inimigos não têm pena. Dizem o que pensam e o que não pensam, mas acham que fere e assim me ajudam enxergar áreas escuras em minha alma. Pensando assim é que aprendi a amar os que me odeiam. Eles podem ser muito úteis. Ouvir suas críticas adverte-me dos perigos, assim como a dor nos avisa quando algo é perigoso para o corpo.

domingo, 3 de abril de 2011

Nuvens e sombras no meu caminho

Quando cai a fixa, quando caem as máscaras, quando o verdadeiro eu se manifesta. É só aí que consigo libertar-me das amarras do não eu. O não eu que em mim habita é a causa dos conflitos que no dia a dia me colocam na situação de desconforto mental /espiritual. É o não eu em mim que faz as depressões, as ansiedades, as angústias. Mas a boa notícia trazida por Cristo Jesus é a possibilidade de ser liberto dessa entidade, a concreta chance de eliminar em mim este componente mortífero, esta tendência para a auto sabotagem. O evangelho é a convicção de que posso viver além das aparências e que nesse viver não convencional posso alcançar o conhecimento do meu verdadeiro eu. Não convencional pois naturalmente sou induzido a alimentar as sombras que escondem a essência divina e nestas sombras acreditar de forma a nem sequer me sentir incomodado com a possibilidade de uma vida melhor. A esperança pregada por Cristo é a de uma vida abundante, de uma felicidade que não depende das circunstâncias, dado que a causa da infelicidade não é exterior, mas nasce nos lugares sombrios que existem em mim. Assim vou começando a enxergar a luz, embora, por enquanto, veja em parte. Mas o dia virá em que o verei face a face e aí sim, sem sombras, saberei quem realmente sou, em sua luz verei a luz, sem máscaras. Só assim terei a realização plena e absoluta dessa minha transformação de mim em mim mesmo à sua semelhança, iniciada e desenvolvida no meu existir, em meu caminhar. E o interessante disso é que embora a plenitude esteja no futuro, o processo já me modifica enquanto acontece e assim posso ser eu mesmo sem conhecer-me totalmente.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu e Ellas


Ontem achei um tesouro. Diante de tantos desgostos que tive com a Gospel Music, encontrei o grupo Ellas e me deleitei com os clássicos da música cristã em dois CD´s dessas meninas. Não as conheço mas compartilho aqui minha primeira impressão e uma de suas interpretações, que pode ser ouvida clicando ao lado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mudanças


Em que momento mudamos? As mudanças experimentadas ao longo de nossa vida são, geralmente, resultado de processos lentos e graduais, de forma que não se torna fácil definir o exato momento em que deixamos de ser ou que passamos a ser diferentes. Mudar aqui não significa sair de uma residência para outra, ou de um emprego para o outro, ou a mudança do corte de cabelo ou da forma de vestir. Falo de estruturas internas que sutilmente vão se modificando em nós. São posições que defendemos no passado e que já não têm mais significado para o presente. São prazeres considerados fundamentais e que passam a ser considerados como futilidades, aparências consagradas em um tempo e transformadas pelo próprio tempo em algo diametralmente oposto. São posturas e crenças cujo julgamento é radicalmente alterado. Isoladamente algumas destas coisas são possíveis de determinar quando ocorrem, mas o que efetivamente importa é o conjunto que nos caracteriza, formado pela conjunção dos vários elementos citados e outros que não foram aqui mencionados. Olhando-nos no conjunto, especialmente por pessoas que não nos vêem há algum tempo é possível dizer: “como você mudou”.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Metáforas futebolísticas


I Coríntios 10.12 - Aquele que esta de pé, cuide para que não caia!

Duas coisas que não se deve discutir mas que são muito empolgantes e irracionais: futebol e religião. Eu, nascido e criado religioso e amante do futebol embora a religião tenha me privado do prazer de praticá-lo quando jovem, não podia desperdiçar a oportunidade de refletir sobre as duas coisas neste dia em que se concretiza o sonho de uma grande parte dos torcedores baianos.
Depois do grito de guerra da torcida do Bahia, o elevador, símbolo da campanha da torcida baiana este ano de 2010, passa a fazer parte de nossas reflexões com um significado novo. De hoje em diante a imagem do Lacerda estará associada em nossas mentes como uma advertência contra a arrogância e a soberba.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Jeito insosso


Cada dia acordo com algum pensamento fixo. Essas coisas que a gente ouve ou vê escrita em algum lugar, e que se fixa em nossa mente durante a noite. Será só coisa minha ou a gente normal também passa por isso? O fato é que hoje a letra da canção “Carne e osso” de Zélia Duncan está me perseguindo. Escreverei então sobre o tema só pra ver se ele me deixa em paz. Sai de mim!

Eis os versos:

Perfeição demais me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso, pra não ser carne e osso

E não é que nisso a Zélia tem razão? Nesse particular ela se parece comigo. Sempre desconfiei de quem é muito certinho, muito quetinho. O pior é que sempre tive a comprovação de que por trás dessas “Santidades” existem monstros adormecidos, ou apenas escondidos e prontos para darem o bote. Já vi muitos casos de gente muito perfeita, que vivia de “um jeito insosso” e que, de repente, se manifestou violentamente, demonstrando exatamente o contrário daquilo que aparentava ser. Podia contar algumas histórias aqui mas prefiro deixar prá lá. Pronto, falei!